quarta-feira, 2 de maio de 2007

Conceito de Nacionalismo 1/2





Regresso à cultura !
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(Zurück zur Kultur)
Arnold Gehlen (1904-1976)
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I

Arnold Gehlen insistia para que, antes de nos lançarmos em apologias ou desqualificações sobre conceitos e teorias, regressássemos à cultura ("Zurück zur Kultur), e confirmássemos o que pensamos conhecer.
Com efeito, perante um mundo, tecnológico e sofisticado, muitos crêem que as presentes realizações civilizacionais foram obtidas desde inovadores e surpreendentes processos de raciocinio, capazes de ridicularizar os mais carismáticos pensadores da Antiguidade.
Nada de mais fundamentalmente errado!
Em filosofa, seguem-se utilizando as "ferramentas lógicas" que herdamos da Grécia Antiga, e até os teólogos modernistas continuam a pontificar os conceitos que os escolásticos definiram na Idade Média.

Em todas as disciplinas, o recurso aos clássicos é uma exigência de método, quase uma higiene mental.
Para além das transformações técnicas e sociais mantém-se o recurso a valores de excepção que, da arte da guerra aos recursos da política, de Clausewitz a Spengler, confirmam conceitos e métodos que, adaptados circunstancialmente, confirmam a sua perenidade.

Esses valores de excepção constituem um legado cultural sobre o qual devemos continuar a construir um presente que possa ser um passado de orgulho para as futuras gerações.
Assumamos a cultura como um conjunto de conhecimentos obtidos pelo raciocinio, pela experiência e pela crença, transmitidos na relação com o meio social e ambiental, e não a confundamos com civilização que é a sua manifestação técnica.

Aproveitando o facto de que na lingua alemã existirem dois termos para significar cultura, podemos facilmente identificar os dois niveis de interpretação do conceito.

O termo "Bildung" refere "educação-formação" de um determinado individuo, enquanto "Kultur" corresponde a um património social, artístico, ético pertencente a um conjunto de individuos dispondo de uma identidade (grupo identitário).
Existe igualmente o termo "Weltanschauung" (de "Welt", mundo, e "Anschauung", ideia, opinião) como "visão do mundo", ou seja, a representação que nos fazemos do mundo com base na nossa "Bildung".

Defendemos que a cultura abarca três grandes grupos de manifestações : a arte, a linguagem e a técnica.

Em 1952, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn catalogaram mais de 100 definições de Cultura…
Qual a origem de semelhante inflação de designações, definições e significados?
Creio que a razão principal provém das aproximações mais ou menos incorrectas de muitos sociólogos e antropólogos culturais que pretendem catalogar e sistematizar conceitos culturais como se de uma colecção de borboletas se tratasse.
O desenvolvimento hipertrófico do trabalho de campo, assim como a exagerada utilização da estatistica e dos indicadores numéricos, têm conduzido os técnicos à errónea conclusão de que uma Sociedade pode ser culturalmente classificada e quantificada pelos potes de cerâmica produzidos.
Confundir causas com consequências levou a que a palavra "cultura" tenha adquirido uma tão vulgar divulgação que a maioria dos utilizadores do vocábulo refere-se a ele como a um artigo mais deste mercado em que se converteu o mundo.

Os termos Sociedade e Cultura adquiriram um consenso nos manuais de Sociologia que se pode traduzir pelo que afirma o manual de Rocher referindo Sociedade, como o termo que define todas as relações organizativas geradas pelos indivíduos de um mesmo sistema social, e Cultura, como o conjunto das formas de fazer, sentir e pensar (Guy Rocher "Introducción a la sociología general" - ed. Herder - Barcelona 1985).
Não obstante o consenso, sob esta diferenciação esconde-se um permanente "amalgama" na utilisação destes conceitos e na sua identificação.
Por um lado porque se pretende atribuir à Sociologia um rigor ciêntifico de ciência experimental, que ela decididamente não tem, e por outro lado porque se pretende evitar uma definição do conceito de Civilização, o que permite aos funcionários da política a sua utilização nas mais diversas e pós-modernistas acepções.

O uso abusivo e totalizador do termo "Sociedade" engloba todo o tipo de organização e as suas manifestações, pretendendo aglomerar num mesmo conceito as estruturas latentes (normas de vivência de uma colectividade) com as estruturas aparentes (produtos dessa colectividade).
O relacionamento entre estas estruturas é sem dúvida intimo mas, enquanto a estrutura latente significa a "forma organizativa da Sociedade", a estrutura aparente determina o "conteúdo material produzido pela Sociedade".

O processo actualmente utilizado pelo poder "politico-religioso", consistente em amalgar a organização formal (política) da Sociedade que se realiza através das relações de afectividade, coesão e hierarquia dos que a constituem, com as produções materiais dessa mesma Sociedade, visa a deslocalizar o significado de Civilização e confundi-lo com Cultura.

Pretende-se esvaziar o termo Cultura do seu conceito de "arte" e substitui-lo pela noção de produto, ou mercadoria.

Civilização é a exteriorização utilitária da Cultura, enquanto Sociedade é o conjunto de pessoas que, através da sua organização formal, são causa e consequência de uma Cultura.

Como se constata, a ambiguidade actual do termo Cultura é conscientemente provocada com a finalidade, não de o fazer desaparecer, pois poderia "renascer", mas alterar-lhe o conceito e o propósito.

Atente-se às actividades de um Ministério da Cultura que, além de ser, como qualquer outro, uma prebenda para um funcionário-politico, habitualmente incompetente na função, tem como função primordial distribuir subsidios por toda uma corja de parasitas que colabora com o poder politico-religioso, aliado à Nova Ordem Mundial, na divulgação de mercadorias pseudo-intelectuais orientadas à formação de um "pensamento único" e "politicamente correcto".
A filosofia nacionalista de Cultura será a negação da pornografia cultural que os herdeiros do marxismo tentam impor-nos através de pintores de abstracto, dramaturgos da anedota, músicos do batuque e escrevinhadores por encomenda.
O Nacionalismo propugna acabar com a pseudo-cultura oficial, que mais não é que um orçamento dedicado a sustentar, através de uma fantasmagórica instituição governamental, todo um sub-mundo de modas, droga e homosexualidade.

O que o liberalismo-marxista denomina de cultura, é um conceito que pretende destruir as expressões culturais nacionais para melhor promover a extinção biológica através da quebra da natalidade e da invasão migratória.
A "união europeia de mercados" ou os "federalismos europeus" (das Curilhas às Berlengas ou de Istambul a Rabat) visam objectivamente a desintegração das nações europeias e o genocidio cultural.

A Cultura europeia, ou é uma expressão dos povos que constituem a Europa, ou será uma moda alógena vinculada numa qualquer população que habita uma qualquer área geográfica!

Deveriamos reflectir sobre a noção nietzschiana de Super-homem : um Ser livre que cria valores e formas de vida porque têm em si a força, a lucidez e a nobreza cujo princípio não é o "Tu Deves", nem o "Eu Quero", mas sim o "Eu Sou" dos "deuses" gregos.

"Ser europeu" não é uma circunstância meramente geográfica ou política, mas sim uma expressão étnica e cultural fundamentada numa realidade territorial, numa particularidade denominada Nação.
Esse natural e minimalista conceito contém nele a vivência de cada um que o habita e a estrutura da comunidade que o contém.
O conceito que devemos ter do Nacionalismo é exactamente o de um compromisso entre a realidade da Nação (comunidade) e o vitalismo dos seus componentes (individuos).
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continua para 2/2

5 comentários:

Bernardo Kolbl disse...

Vim conhecer. Francamente bom. Vou linkar se mo permite.
Boa noite.

António Lugano disse...

Grato !
Apreciei o seu "suckandsmile"
Cordial Saudação.

Anónimo disse...

Apreciado António Lugano deixo aqui os meus agradecimentos pela elaboração deste notável artigo com o qual cocordo quase na integra, e escrevo "quase" visto discordar apenas da sua opinião de que um federalismo europeu seria conducente ao genocídio dos povos que compõem as nações europeias. Não podeos confundir esta "União Europeia" economicista com uma sincera federação, ou em última instância uma confederação, das nações da Europa. Atente que Yann Fouéré, um independentista bretão que cunhou o termo "Europa das cem bandeiras" apoiava sem reservas a constituição de um Bloco Europeu assente no federalismo, por sua vez baseado no princípio de subsidiariedade.

Melhores saudações identitárias.

António Lugano disse...

Prezado "arqueofuturista"
Grato pelas suas palavras de apreço.
Quando manifesto o meu temor pelo federalismo (ou confederalismo) europeu, não pretendo de forma alguma negar essa possivel (e aceitável) solução, mas tão somente realçar que "se não potenciarmos, previamente, as unidades etno-culturais ("nações")", arriscamos a construir mais uma burocracia tão desvinculada dos povos como a actual UE do sr. Barroso.
Creio que a problemática existe a nivel do conceito de "nação", actualmente entendido como entidade politica, o que a confunde com País, uma aberração construida pelos Valois no século XIV para controlar grandes espaços, através de uma mitologia que confunde povo com população e origina um "melting pot" etno-cultural, origem da dissolução identitária hoje evidente nos povos europeus.
O facto de potenciarmos objectivamente a "nação" (unidade etno-cultural) não significa a atribuição de miríficas independências, mas sim uma potenciação do sentimento de pertença. A federação (ou confederação) estaria lá para coordenar as potencialidades (e as necessidades) de cada "nação" europeia, como partes desconcentradas de um projecto comum.

Anónimo disse...

Caro António Lugano, muito agradeço a resposta a qual se me afigura suficientemente esclarecedora.

Melhores saudações identitárias.