quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Perspectiva (I)



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o passado
como fundamento
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Talvez seja mais correcto denominar "Multiverso" ao que habitualmente significamos como "Universo", pois cada vez mais a "física teórica" nos aproxima do conceito de "outros Universos" o que é um contra-senso, pois Universo define-se como a totalidade de tudo o que existe.
No âmbito politico, Carl Schmitt (1888-1985) utiliza o vocábulo "Pluriversum" !

Segundo a "teoria das cordas" ("física teórica") as particulas elementares não são "pontos", mas sim "filamentos vibratórios", em forma de pequenas "cordas" cujas extremidades se comportam como particulas.
Uma dessas "particulas teóricas" ("dilaton") estaria na origem de pequenas borbulhas ("pré-big bang") que ao atingir o tamanho de um "proton" entrariam em fase de expansão acelerada ("inflação").
O "big bang" não seria pois um acontecimento inicial, mas a manifestação de um Universo entre outros que se originariam pelo mesmo processo.
Assim, o conjunto seria um super-Universo, ou um Multiverso contendo Universos com as suas próprias leis físicas, o seu próprio tempo e as suas próprias dimensões.

Provavelmente, o modelo de evolução do "nosso Universo", é uma pulsação rítmica entre uma expansão ("big bang) e uma contracção ("big crush")… a que se seguirá outra expansão e outra contracção… e outra… e outra…
Como dizia o francês Antoine Lavoisier (1743-1794) :
"nada se perde, nada se cria…tudo se transforma" !
Tenhamos presente que Lavoisier foi condenado à morte pelo "tribunal revolucionário", da maçónica "revolução de 1789", e executado na guilhotina.
O excelso democrata, Jean-Baptiste Coffinhal, presidente do citado "tribunal", proclamou :
"A República não tem necessidade de sábios nem de quimicos" !

Diz-nos a observação, a experimentação e a teoria que o "nosso Universo" é um composto energético de 5% de matéria visível, 25% de matéria negra e 70% de energia negra ou energia do vazio ("vacuum energy").
E são esses 5% de matéria visível que incluem a matéria inorgánica (a imensa maioria) e residualmente as moléculas de matéria orgânica compostas por um "esqueleto" carbonatado e grupos funcionais característicos de funções químicas (alcool, acido, amina…).
Para que a vida se manifeste é necessário que determinados componentes orgânicos constituam moléculas pré-bióticas, sintetizem e se reproduzam, seguindo um intrincado processo de "acaso e necessidade" que vai gerando sistemas e orgãos que, em condições externas apropriadas, se vão organizando como num "quebra-cabeças", milhões de milhões de hipóteses para conseguir algo de mais complexo e estável.

Afirmava o heleno Demócrito de Abdera (460-370 EP - Era Precedente) que "tudo o que existe no Universo é fruto do acaso e da necessidade" !
O "acaso" fará que do choque casual de particulas energéticas se estabeleçam novos enlaces atómicos que, por "necessidade" de estabilidade fisico-quimica, ocasionarão novas estruturas, e assim sucessivamente até que um equilibrio se manifeste. Os enlaces conseguidos repetir-se-ão sempre que as mesmas condições se verifiquem, tanto a nivel atómico como molecular.
Este principio foi defendido, entre muitos outros ciêntificos, pelo bioquimico Prof. Jacques Monod (1910-1976), prémio Nobel da Medicina (1965), no seu trabalho "Le hasard et la nécessité", publicado em 1970.

É verosímel que, durante os milhões de anos que o planeta Terra tardou em consolidar-se, certas "combinações" pré-bóticas tenham sido até ela transportadas por meteoritos. Nas condições ambientais encontradas o processo de "acaso e necessidade" foi tornando factível a eclosão de seres vivos diferenciados que, por adaptação foram constituindo bio-sistemas de sobrevivência.
Notemos que essas "adaptações" nada têm a ver com as fantasmagóricas hipóteses de Darwin com um pássaro a nascer de um ovo de dinossauro, ou de um humano a descender de um simio.
As "linhas de produção" do "acaso e necessidade", ou falharam no seu "projecto" ou deram lugar a seres que, adaptados ao meio, são hoje o que fundamentalmente sempre foram.
Uma das propriedades fundamentais dos seres vivos é que são dotados de um projecto, o poder de produzir e de transmitir a informação correspondente à sua própria estrutura.

"Os seres vivos distinguem-se de todas as outras estruturas, de todos os outros sistemas existentes no Universo por esta propriedade que designaremos de "teleonomia"
(J. Monot in "Le hasard et la nécessité").

Assim, a Natureza transforma-se e evolui, primeiro pelo "acaso" de acções e reacções, e depois pela "necessidade" de assegurar a funcionalidade encontrada. Essas funcionalidades converter-se-ão em projectos teleonómicos que serão parte de outro projecto mais complexo, como e.g., a visão ou o olfacto que são projectos secundários de um projecto mais amplo e complexo constituido pela estruturação do animal que deles beneficiará.
Realizando projectos subalternos e complementares, a Natureza vai, progressivamente, criando todas as estruturas, todas as funções e todas as actividades necessárias à consecução de um projecto essencial, e nessa actividade, perante uma alternativa, seleccionará sempre a via menos custosa em dispêndio de energia.
Recordemos a teoria de Pierre Maupertuis, as Leis da Termodinámica ou o aproveitamento energético da "respiração celular" !

"A noção de teleonomia implica a ideia de uma actividade "orientada", "coerente" e "construtiva".
Segundo estes critérios, as proteínas devem ser consideradas como os agentes moleculares essenciais das funções teleonómicas dos seres vivos"
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(J. Monot in "Le hasard et la nécessité")

continua

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