sexta-feira, 6 de abril de 2007

Cultura é Poder !





A ética da estética



Marcus Vitruvius Pollio, nascido no século I da Era Precedente (EP) ficou conhecido pelo seu tratado "De architectura", obra única destas características que se conserva da Antiguidade clássica.

No "Livro primeiro, capítulo terceiro" dessa obra, Vitruvio escreveu :
"Partes ipsius architecturae sunt tres, aedificatio, gnomonice, machinatio"
e segue :
… as construções ("aedificatio") devem conseguir segurança, utilidade e beleza.

1. Consegue-se segurança com alicerces sólidos e com uma cuidadosa selecção de materiais de construção..
2. A utilidade consegue-se através da correcta disposição das partes do edificio (…)
3. Obteremos beleza quando o seu aspecto seja agradável e esmerado, quando uma adequada proporção das suas partes plasme a teoria da simetria.

O termo simetria provém do grego "sun", com, e "metron", medida, significando "respeito pelas medidas" e implicando a ideia de harmonia.
Thales de Mileto é o primeiro a estabelecer teoremas fundamentados no principio intuitivo da simetria e Euclides estudará (livro XIII) os cinco poliedros convexos com os que Platão imagina a harmonia do Universo.
Escultores e arquitectos gregos e romanos, como Vitruvius, vêm na simetria (symmetria) o equilibrio e a harmonia, assim como a solidez e a força, imanentes no corpo humano.
No Renascimento, Leonardo da Vinci inspira-se nos conceitos greco-romanos.

A simetria é pois um factor de harmonia nas formas ; porém, sendo um factor necessário não é suficiente para determinar um sentimento estético de percepção do que consideramos "belo".
Necessário, porque a harmonia é psicologicamente tranquilizante, mas insuficiente porque não comporta emoções estéticas capazes de determinar um julgamento.

A estética (do grego "aisthèsis", sensação) é uma teoria normativa fundamentada em valores humanos (o verdadeiro, o bom, o belo…) e portanto não exclusivamente dependente de factores técnicos, antes julgando "desde dentro", pressionada pelo "cânone" que enuncia as normas gerais impostas pela sociedade.

Essas normas modificam-se através do tempo, por razões técnicas, pela moda imposta por parâmetros societários e pelos meios de manipulação utilizados pelas oligarquias políticas.
O "politicamente correcto" ("marxismo cultural"), ideologia do actual Sistema Politico Global, dito democrático, através do ensino e dos meios de informação ("propaganda") divulga o que deve ser "o verdadeiro, o bom e o belo", independentemente dos valores culturais de cada povo.

A manipulação denomina como "modernidades" os maiores atentados à estética e ao bom senso, e lá temos os "cidadãos normalizados" a bater palmas e a agitar as bandeirinhas de apoio a uma "qualquer coisa". Pois, se foi isso que lhe disseram na escola e lhe repetem na televisão, na rádio e nas publicações… porquê reflectir se "outros" já pensaram por eles ?

Ser nacionalista não consiste somente em afirmar-se como tal, mas em ser coerente com um comportamento, uma ética e uma estética que não seja destruidora da nossa própria cultura, por colagem às modas e aos propósitos alógenos do "politicamente correcto".

3 comentários:

Anónimo disse...

Dá sempre gosto passar aqui pelo tasco...e tomar qualquer coisa!

Legionário

António Lugano disse...

Prezado Legionário
Aqui pelo "tasco" terá sempre um copo de "binho berde" para erguer à sua saúde !

Anónimo disse...

Óh meu caro António, não me diga que você é um gajo do Norte...carago!?
Quando é que nos vem dar umas aulas...?

Legionário