segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Dialogando...

Não pretendemos transformar este "blog" num forum, mas não queremos criar a imagem de alguém que esquiva perguntas pertinentes.

Responderemos com prazer a quem tiver a gentileza de nos deixar um contacto "web" ou "e:mail".
Reproduziremos neste espaço as que nos pareçam mais pertinentes.
.
Respondendo a Belém.
Belém disse...
Caro António_Lugano.
Em 1ºlugar gostaria de o felicitar pelo seu excelente blogue Nacionalista.
No entanto, as suas posições anti-sionistas primárias são idênticas aos dos nacionais-socialistas.
Será uma mera convergência de opiniões?
Qual a sua opinião sobre o nacional-socialismo?

muito obrigado pela atenção
Belém
"
Resposta:
Grato pela apreciação feita ao "Prometheus".

Não nos consideramos um "anti-sionista" primário, se essa designação pretende significar "elementar", num sentido politico de "pouco esclarecido", "incipiente" ou "bronco" !
Os argumentos, mais que opiniões, por nós emitidos relativamente ao sionismo, nas suas mais diversas manifestações, não se fundamentam em nenhuma cartilha política, nem nacional-socialista, nem fascista, nem marxista, nem liberal, nem…
Por principio, não seguimos cartilhas nem catecismos, sendo os nossos propósitos resultantes de uma análise conjunta histórico-filosófica aplicada à realidade politico-religiosa, seja ela sionista, tradicionalista cristã ou fundamentalista muçulmana.

Tendo o sionismo um "formato" nacionalista, talvez se pergunte porque não o aceitamos, sendo nacionalistas ?
A razão é simples de entender e talvez lhe faça compreender porque não somos homem de "partidos", "igrejas" ou "grémios" !

Entendemos o sionismo como uma forma "religiosa" de fazer política…
E se a religiosidade, em si mesma, é uma dúvida filosófica, a colocação dessa dúvida dentro de um contexto doutrinário religioso preverte a questão e dogmatiza a resposta.
E é exactamente isso que não aceitamos : a formulação de politicas fundamentadas em esquemas de doutrina religiosa.
Sejamos conscientes que nessas circunstâncias o dogma, enunciado ou não, está ao dobrar da esquina. E o fanatismo aguarda-o !

Passou-se com o cristianismo na Idade Média, passa-se com o judaismo (sionismo) na contemporaneidade e, muito tememos, passar-se-á ainda com o islamismo fundamentalista que nos bate à porta.

Se, eventualmente, alguém converge com os nossos argumentos, o diálogo está aberto ; se não converge, somos receptivos à critica !

Sobre o nacional-socialismo temos duas visões distintas.
Uma baseada na teoria de um regresso à cultura europeia e à condenação da economia como crematística, principios que aceitamos e enaltecemos, e outra baseada numa prática que revela atitudes dogmáticas, violentas e contraproducentes com a teoria, o que indubitavelmente rejeitamos !

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Do caduceu ao ADN : mito e realidade

Com bastante anterioridade relativamente à cultura e civilização helénicas, cerca de quarenta séculos antes da Era Actual (EA), o povo sumério escreveu um texto em caracteres pictográficos sobre pequenos rectângulos de argila (caracteres mais tarde transliterados pelos babilónios para caracteres cuneiformes), uma curiosa mitologia sobre a criação do Homem por seres (deuses…) vindos do espaço !

Nenhuma teoria sobre a origem dos sumérios é consensual, embora os dados mais recentes afirmem que não eram semitas nem indo-europeus e que devem ter chegado ao fértil vale entre os rios Tigre e Eufrates, a que posteriormente os gregos denominaram Mesopotâmia, desde o norte, talvez desde a região do Cáucaso.

Refere a mitologia suméria, denominada "Enuma Elish" ("Quando lá no alto…"), que a criação do primeiro Homem ("ser racional") foi o resultado de intervenções (genéticas !) realizadas por "seres vindos do espaço" (annunakis") realizadas sobre hominídeos (sobre o "Homo erectus" ?).

Os sumérios, e posteriormente os babilónios e os assirios, referem um dilúvio, mundialmente referenciado em múltiplos relatos, e uma "nave" (maritima ou… aérea ?) na qual foi preservada a "essência de vida" de animais então viventes sobre a Terra…

O simbolo utilizado pelos sumérios para representar os "deuses médicos" que criaram geneticamente o Homem consistia em duas espirais entrelaçadas…
Que os gregos adoptaram como duas serpentes enroladas em torno a uma vara ; o caduceu ("kerykeion") de Hermes ou de Asclépiós (o Esculapio romano e o Imhotep egipcio), deus da medicina, numa representação somente com uma serpente.
Essa figuração manteve-se, até à actualidade, e o caduceu (com duas serpentes), continua a ser simbolo da medicina !
Curiosamente, a representação suméria dos "deuses médicos" que criaram geneticamente o Homem, é a forma do ADN.
Simples coincidência ?

Da mitologia suméria/babilónica, através da versão que conheceram aquando do "cativeiro da Babilónia" (exilio imposto pelos assirios ao povo do reino de Judah), os hebreus retiraram os elementos em que basearam o "Bereshit, 1º livro da "Torah" ("Lei"), obra que reune os cinco primeiros livros da "Tanakh", designada pelos cristãos como Biblia Hebraica.

Para os cristãos, a "Tanakh" é o Antigo Testamento, a "Torah" designa-se como "Pentateuco" e o "Bereshit" corresponde ao "Génese".
"Bereshit" e "Génese" são pois, duas versões conceptualmente semelhantes ao texto babilónico reproduzido desde o original sumério do "Enuma Elish".
Assim se originaram os textos "sagrados" de duas importantes doutrinas religiosas (judaísmo e cristianismo), que são fundamento de uma terceira doutrina monoteista, o islamismo.

Sobre a "criação" do Universo, refere a mitologia grega, também baseada em textos sumérios, através de uma cosmogonia do século VI EP, que no espaço vazio (Khaos) o Tempo gerou um ovo (Kosmos) que, ao romper-se pela metade, originou o Céu (Uranos) na sua parte superior, e a Terra (Gea ou Gaia) na parte inferior.
A partir desse momento, por partenogénese ou por copulação, desde a "1ª geração de deuses" foram surgindo sucessivamente os "titans", os "gigantes" e a "2ª geração de deuses", os do Olimpo (monte no norte da Grécia onde a mitologia localiza a residência de 12 deuses).
Outras mitologias de origem europeia (escandinava, germana, eslava ou celta) igualmente se assemelham à mitologia grega, e à sua predecessora suméria.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Dialogismo...

A linguagem "versus" o politicamente correcto

A linguagem é uma actividade criadora, uma actividade cultural que desenvolve significados próprios, participando activamente na formulação de julgamentos e preconceitos. Como nos diz Émile Benveniste, "pensamos um universo que a nossa linguagem previamente modelou". Cada cultura está directamente relacionada com a linguagem em que se expressa !

A cultura europeia é composta por uma diversidade de culturas regionais que se apresentam como ramos de uma mesma árvore, como múltiplos aspectos dissemelhantes, mas com um denominador comum. Uma espécie de caleidoscópio de uma imagem singular !
E essa nossa riqueza, como europeus autóctones, tem a particularidade das linguagens.

Porém, referindo o âmbito europeu devemos fazer uma particular atenção ao facto de que a "modernidade" impõe-nos a existência de "duas" Europas, politicamente sobrepostas.
A Europa geográfica, constituindo um continente (ou um sub-continente para os mais preciosistas), e outra, a da burocracia politico-financeira, assente nos gabinetes de Bruxelas.

Se na Europa geográfica se falam 43 linguas, uma diversidade linguistica que é uma das riquesas culturais do "Velho Continente", os funcionários da Europa bruxelense somente reconhecem 11, subdivididas em quatro "familias" :
- latinas (francês, italiano, espanhol e português)
- germânicas (alemão, inglês, holandês, sueco e dinamarquês)
- helénicas (grego)
- fino-ugrienses (finlandês).

No entanto, e com aquela devoção que reconhecemos nos funcionários de Bruxelas, a sua obediência ao "Grande Irmão" impele-os a implementar uma lingua única, com a finalidade de facilitar a normalização dos costumes e o pensamento singular do "politicamente correcto".
Na impossibilidade prática de impor o "esperanto" ou o "volapuk", avançam com um inglês simplificado (que provocaria a fuga apressada de Shakespeare), no estilo do "newspeak" ("novalingua") que Orwell prenunciava no seu profético "1984" !

Submetidos ao "diktat" do politicamente correcto, a lingua mais frequentemente falada pelos europeus é já o inglês (41 %), seguida pelo francês (19%), o alemão (10%), o espanhol (7%) e o italiano (3%).

A cultura europeia, que se desenvolveu na diversidade criadora da linguistica, do filosófico, do artístico e do ciêntifico, de Anaximenes a Cicero, de Goethe a Voltaire e Heidegger, a Galileo, Ortega, Eça, Wagner, Velasquez e tantos outros, verá as suas raizes amputadas pelos "neoigualadores" de turno, incapazes de distinguir uma ironia de Ortigão de uma sátira de Juvenal (evidentemente… em inglês).
Terrivel destino para a "vox populi" de quem lavra os campos, e da "ars scribendi" de quem lavra as mentes…

Mas, que importa aos assalariados da eufemística União Europeia que a cultura não seja programável ?
Pagam-lhes para "convergir", para sintetizar o convergente… e tudo envolto em inglês "macarrónico", esse inglês de "business" para o qual "cultura" não é mais que um produto de "marketing".

Escrevia o imortal Eça de Queiróz, irónicamente contundente como (quase) sempre :
"Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.
Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade; e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da Europa, vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização. Não há já para ele o especial e exclusivo encanto da fala materna com as suas influências afectivas, que o envolvem, o isolam das outras raças; e o cosmopolitismo do Verbo irremediavelmente lhe dá o cosmopolitismo do carácter.
(…)
Falemos nobremente mal, patrioticamente mal, as línguas dos outros! ... "
Eça de Queiroz, in "A Correspondência de Fradique Mendes"

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Dialogismo...

A falácia democrática...

O sistema "dito" democrático é, a realidade assim o demonstra, uma táctica de ocupação do "poder" baseada na demagogia do acto e na manutenção inflexível e pertinaz do mesmo.

Aliás, a própria denominação do sistema politico dominante é já em si mesma uma falácia, um engano e um ardil.
Com efeito, a democracia grega ("demos kratia") de comum com o actual sistema democrático pouco mais tem que a designação. E esse pouco mais, a utilização do voto, tão pouco é exclusivo do sistema politico em causa.

A implantação do sistema democrático entre os atenienses foi levada a efeito por Clistenes, que viu nele a possibilidade de interditar o poder politico a tiranos e déspotas. Mas, o que não previu Clistenes foi a preversão da democracia, convertendo-se em demagogia.

A demagogia, já denunciada por Platão e Aristóteles, fundamenta-se na ignorância e na credulidade do "individuo-eleitor", condicionado por uma poderosa propaganda que o induz a aceitar o inaceitável. A manutenção intransigente do "adquirido", tem origem na legislação urdida pelo próprio "poder".

Publius (ou Gaius) Cornelius Tacitus (c.56-c.117), o famoso historiador da Antiguidade Romana, afirmava que "os tiranos esclarecidos não governam pelas armas , mas sim pelos juizes" (ou seja, pelas leis) !

Niccolò di Bernardo Machiavelli (Maquiavel 1469-1527), uma referência absoluta em matéria de manipulação psicológica, desaconselha ao "principe" a delicadeza e a sinceridade. Se quizer ser gentil e sincero, que mude de profissão !
Os filósofos sempre se questionaram "como agir correctamente" ; Maquiavel aconselha aos políticos que se perguntem somente "como agir", sem preocupações éticas !

O "governo do povo pelo povo", apesar de constituir uma referência obrigatória no catecismo da democracia, é uma falácia, uma frase oca de sentido.
Afirmava J.Stuart Mill, que o povo que exerce o poder não é o povo sobre o qual esse poder se exerce.

"Do povo e para o povo", entoam as sereias da partidocracia, escondendo que o seu conceito de "povo", como noção política, não é um fundamento do Sistema que apregoam, mas sim um pretexto do Estado de que se servem !

A democracia ateniense foi instituida como um processo contínuo de discussão pública, favorecedor da emergência do diálogo filosófico.
Porém, prevalecendo a opinião ("doxa") sobre o argumento, desenvolveu-se mais a sofistica que a filosofia, mais a palavra que o conceito. Desesperado, Platão não via mais que demagogia e teatrocracia no poder da palavra pública !

Conscientes da imprudência em prosseguir com a aventura democrática, cada vez mais sufocada pela demagogia e pela incapacidade operativa do sistema, os atenienses abandonaram a experiência, ressuscitada por novos demagogos, conhecedores de novos e sofistacados processos de manipulação. A credulidade popular mantém-se constante !

O que vemos impor-se, através do mundo mediático do "pensamento único", é uma concepção de "democracia utilitarista", cada vez mais de consentimento que de representação.
O voto não é mais que uma prova convencional para separar as ofertas políticas da partidocracia, como num mercado, enquanto a participação activa e o respeito pela expressão cultural do povo está fora dos projectos políticos do "sistema" !

Somos um povo "sebastianista", uma colectividade nacional que aguarda a chegada do "homem providencia" que lhe vai solucionar os problemas. E, obviamente, cansa-se de esperar… e desespera … !

Compete-nos ser cépticos, ser criticos com a História e separá-la do mito. Indagar se o que nos contam é verdade.
É fundamental conhecer o passado, para compreender o presente e preparar o futuro !

A ignorância nunca foi boa conselheira mas, transcrevendo Ramalho Ortigão nas "Farpas", ela tem algo de bom, pois "desaparece aprendendo" !

A solução deverá surgir através do encontro de opções, que somente poderão despontar de um diálogo culto, consciente e honesto.
Participemos na busca dessa solução ! Não aguardemos que nos apresentem alguma, fabricada for forâneos e provindo da névoa de uma madrugada obscura.

Temos vivido, melhor dizendo sobrevivido, de golpada em golpada e de esperança em esperança…
Mas, a derrota anunciada não é um determinismo. É um anúncio de contingência !

A problemática sociológica com que nos debatemos há séculos, deve ser convenientemente escalpelada para não continuarmos a pretender solucionar a nossa vivência de forma esotérica, temendo um Adamastor que nunca existiu ou sonhando com um Sebastião que já não existe.
No pós-modernismo ambiente, embevecidos pelos "marketings" e pelos "reality show", somos arrastados para o "nada" a golpes de indices de mercado e de procedimentos de rebanho ! Enquanto que na actividade politica deste país, o único que tem mudado são as moscas !

Compreendemos que é estulticia aguardar que a oligarquia politica e financeira resolva os nossos problemas.
Em nós reside a capacidade de encontrar o processo para os solucionar !

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

O que é uma Nação ? (1/2)

Pertença
Na Antiguidade grega o conceito de nacionalidade ("Ellinikon Ethnos") envolvia uma inequívoca noção de "etnia", de particularidade morfogenética intrínseca. Digamos que era uma expressão "de fronteira", do reconhecimento do "outro diferente".
Por, exemplo, na tradução grega da LXX (Septuaginta), o termo hebreu "goi" (plural "goiim"), utilizado para referenciar o "outro diferente", é utilizado o vocábulo "ethnos", enquanto a palavra hebraica "mishpahoth" ("mishpaha" no singular), referindo "povos", é traduzida pelos gregos como "phylai", que significa "clã", familia, linhagem…
O "peso genético" do vocábulo levou a que o correspondente latim "phylum/phyla" seja utilizado como classificação taxinómica!
A versão inglesa da Biblia (KJV - King James Version) traduz "goiim" por "gentiles", desde o latim "gens/gentis" que comporta um sentido étnico.
Parece-nos pois assegurado que lexicalmente "nação" afirma uma raiz genética ("goi", "ethnos", "gens") e determina os que nascem (do latim "natio", nascer) no seio do mesmo povo ("ethnos" - latim "ethnicus", grego "ethnikos").

Ainda na Antiguidade grega (um regresso sempre necessário para reencontro com os fundamentos da nossa racionalidade) existia um sentimento de pertença a uma comunidade de valores culturais que se oponham a outros, diferentes, contrários ou contraditórios que eram expressão de outras comunidades, de outros povos que os gregos denominavam "barbaros". De notar que "barbaro" provém de "barbaroi", os que fazem "barr, barr", uma onomatopeia em grego para expressar toda a pronúncia confusa, dura e rouca (para os gregos), e que assim identificava todos aqueles que se expressavam de forma ininteligivel para eles, apesar de que grego antigo não constituia uma lingua única, mas sim um conjunto de dialectos mais ou menos inter-compreensíveis, dos quais se distinguia o iónico-ático (lingua de Atenas) de que derivou o "koiné", lingua veícular que falava Alexandre o Grande.

A lingua foi pois, um importante factor de afirmação da "nacionalidade" grega, acompanhada de uma mitologia reintegradora, que Hesiodo nos legou na sua "Theogonia", transmitida e conservada pela memória colectiva que a idealizou, desenhando os contornos de um fundo cultural comum.
Ponto de conexão entre as cultura da Europa helénica de Prometeu, do pensamento cosmogónico sumero-babilónico, dos Upanishads védicos, da via (Dao) de Lao-Tseu e do Egipto da ciência geométrica, é em Mileto que os filósofos produzem uma flagrante alteração ao fundo cultural comum dos gregos, pela instauração de um bem comum universal, o mítico "logos" ("razão"), garantindo a coesão da comunidade e provocando o conhecimento da natureza pois, sendo ela uma ordenação assegurada por conceitos, esses conceitos poderão se conhecidos pela "razão" ("logos").

Encontramo-nos, assim, perante uma realidade nacional (ou nacionalista) que é reflexo de um sentimento de pertença a uma comunidade estruturada sobre alicerces, étnica e culturalmente afins.

Identidade
Com o decorrer dos tempos desenvolvem-se na Europa duas perspectivas diferentes perante o nacionalismo :
- uma que associa "nação" ao território (direito de solo - "jus soli");
- outra que relaciona "nação" com a origem comum (direito de sangue - "jus sanguinis").

Se o "jus sanguinis" está na base dos agrupamentos populacionais até à Idade Média, a criação dos feudos (territórios e população de propriedade privada) originou movimentos de população que impuseram (por interesse senhorial) o "jus soli". As tradições (expressão cultural) misturaram-se e a imposição de uma doutrina religiosa monoteista (cristianismo) diluiu grande parte da mitologia "fundadora" do universo cultural europeu.
A população de que dispunha o senhor feudal determinava-se pelo território onde nascera ("jus soli"), e onde imperava a "normalização cristã", dissolvendo-se a noção de comunidade por "jus sanguinis".
Lutava-se "pelo estandarte do senhor Conde", ou "pelo pendão de Cristo", não pela defesa de uma "nação" da qual se havia perdido já qualquer referência.

A revolta maçónica francesa, pela lei de 30/04/1790 e pela Constituição de 1791, inserem no dominio do Direito uma nova figura de que as oligarquias europeias têm usado e abusado, em pleno êxtase democrático : a naturalisação !

Porém, a Europa não se encontrava ainda preparada para se subverter a etnias alógenas e o Código Civil francês acorda, em 1804, a transmissão da nacionalidade por "pater familias", re-introduzindo o "direito romano" nessa área, apesar de que a essa decisão não era favorável o próprio Napoleão, o imperador corso dos franceses (quando Napoleão nasceu, a Corsega ainda não er um depaartamento francês).
Como consequência da retoma do "pater familias" pelos franceses, diversos outros países europeus regressam ao principio de "jus sanguinis" (Austria-1811; Bélgica-1831; Espanha-1837 ; Prússia-1842 ; Itália-1865 ; Rússia-1864), exceptuando a Grã-Bretanha, suas colónias e outros países sob dependência britânica, como Portugal e Dinamarca, esta última até 1920, ano em que aderiu ao regime de nacionalidade comum dos países da Europa do norte.
Portugal em 1959 adopta o "jus sanguinis" combinado com o "jus solis", embora com enfasis para este último, e em 1981 a lei passa a considerar, para atribuição de nacionalidade, igual importância ao "jus sanguinis" e ao "jus solis".
Mas, a preversidade da lei é bem latente ! Um senhor das ilhas Aleutas, que obtenha a nacionalidade portuguesa por naturalização, poderá ter muitos bébés aleutas, portugueses por "jus sanguinis" !!!
É a chamada "nacionalidade por decreto", um fruto da legislação "produzida" em França pela Constituição de 1791 !

segue para 2/2 …

O que é uma Nação ? (2/2)

Como será fácil constatar, a passagem de "pertença" a uma comunidade, para "identidade" concedida por legislação, é o inicio da separação orgânica entre território e povo, uma ruptura psicológica com consequências desiquilibrantes no projecto de "nação".
Como tentativa de suturação da "brecha" aberta, alguns lançaram o conceito de "pátria" (do latim "pater"), um sentimento de "pertença", não já à comunidade, mas sim a uma "construção" por então edificada e que se intitulava "país", ou seja, um povo e um território subordinados a um "estado", a uma organização política (do grego "polis", cidade politicamente organizada).
É com base neste conceito que (como atrás mencionamos) se relança no inicio do século XIX o conceito de "jus sanguinis".
Porém, como "identidade" e não já como "pertença".

Soberania
A noção de soberania, já aflorada no Império Romano e no Sacro Império carolíngio, era uma concepção religiosa reservada à, ou às divindades, que delegavam competência nos soberanos (imperadores, reis, papas…).
A Tanakh (Antigo Testamento da Biblia cristã) é peremptória quando transmite as palavras da divindade:
"É através de mim que reinam as leis" (Livro da Sabedoria").
A famosa afirmação (apócrifa) de Luis XIV "l'Etat c'est moi", é uma consequência lógica dessa noção de soberania.
Mas, subtilmente, os revoltosos franceses de 1789, pelo art. 3º da sua Declaração, afirmam que "…o principio da soberania reside essencialmente na "nação". Declaram que a titularidade da "soberania" está na "nação" e/ou no "povo", utilizando indiferentemente os termos "nação" e "povo" nas primeiras "constituições" elaboradas nesse conturbado período.
Depois de reduzirem a "pertença" "jus sanguinis" a uma "identidade" "jus soli", confundem os conceitos de "nação" e "povo" para, demagogicamente, potenciarem a noção de "pais", prevertendo assim o principio "território + povo = nação".
A falácia levou a que fossem consideradas "nações" alguns agrupamentos sem território, religiosos (judeus) ou etnias parasitarias (ciganos), e que a alguma dessas "diásporas" lhe fosse entregue um território…
nota :
"diaspora" é um termo grego que significa "dispersão" ("dia" + "spore").
O actual conceito politico-religioso é uma extensão interpretativa.

Povo e População
Entender o povo como população, como multidão que se caracteriza pelo número, subsistindo unicamente como agregado de singularidades, tem sido uma das facetas mais caracteristicas de qualquer oligarca, do mais tirano ao mais demagogo.
O "povo" ("demos" em grego), assumido como "multidão" ("plethos" em grego), é um agregado contingente cujo poder político se reduz a um momento ("circunstância") e tem o valor da quantidade que a constitui, sendo a sua indiferenciação interna uma das principais caracteristicas que transforma os individuos em unidades numéricas. A demagogia é, na sua essência, uma retórica sofistica aproveitadora dessa realidade.
As políticas ditas "simplex" (lat.), são especialmente dirigidas à população "simples", constituida por individuos "inocentes", "incultos" e "idiotas". Os gregos (precursores da "arte política"), por oposição ao "demos", e distinguido-o do "plethos", denominavam esses conjuntos de individuos como "laos", massa desorganizada e torpe, pronta a delegar o seu poder (a sua soberania) na assembleia política que lho sugira. E, quando temos a assembleia ("eklesia") a dirigir politicamente os "simplex" ("laos"), isso denomina-se "laos kracia", por extensão "demos kracia". A demagogia fará o resto !

Partição
O denominado "discurso identitário" que tão útil se tem revelado no despertar da consciência política de muitos europeus, é na realidade um "discurso de pertença" ("discours d'appartenance", em francês).
É imprescindível retomarmos consciência de que "pertencemos" a uma comunidade étnica e cultural, de que "somos" essa comunidade.
"Nação" sem "povo" é território, e "povo" sem território é "população" !
A "pertença" é bi-unívoca, solidária e inclusiva.
Porém, sejamos conscientes de que deve haver proporcionalidade entre as potencialidades criadora do individuo e unificadora da colectividade, e a variabilidade dos elementos que proporcionam a sua síntese.
O modelo comunitário permanece vivo tanto tempo quanto o poder unificador saiba manter-se estável perante a diversidade, mantendo-se coerente na absorção de novidades. O excesso de diversidade é tão pernicioso ao conjunto, quanto o é o marasmo institucionalizado.

Essa estabilidade consegue-se pela "equidade participativa", tanto no que respeita ao posicionamento perante as leis (isonomia) como ante o poder executivo (isocracia).

Concluindo
Uma "Nação" é, pois, uma grande solidariedade"
Ernest Renan (1823-1892) in "Qu'est-ce qu'une nation ?"
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António Lugano in "Cadernos para reflexão" (textos não editados)
* já publicado pelo autor in "Terceira Via", em 27/12/2006

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Globalização ! O "antes" e o "agora".

O "Komintern", ou "internacional comunista", foi criado por Lenine em 1919 com o objectivo de criar uma "República Soviética Mundial", uma espécie de globalização "antes do tempo".
Em 1935, Estaline emenda a estratégia, que passa de "mundialista" a "europeísta", e dedica-a prioritariamente à organização de "Frentes Populares" contra os governos que não tinham em especial consideração "o paizinho dos povos", ou Bar Kokhba (1), como tanto apreciava ser denominado.

Essa alteração provocou o desespero e a raiva do "revolucionário" Trotsky (2), que tratou Kokhba ("Kóba") de "reformistas", uma heresia para a "inteligentzia" soviética. O resultado de semelhante anátema lançado por um dos fundadadores da "coisa" bolchevique, não se fez esperar, e foi (nunca melhor dizendo), retumbante. Em 1940, refugiado no México (talvez saudoso do Goulag) o senhor Trotsky ("kamarada" para os intimos) levou com uma picareta na cabeça, empunhada por outro "kamarada", aconselhado pelo ofendido Kokhba. Um "fait-divers" na democracia proletária !

Porém, a excelsa ideología do "todos em um" foi recuperada pelos "felows" da "Frankfurter Schule" que, desde "as terras do tio Sam", relançaram a "obra", desta feita baptizada como "democracia global" !
E aí temos o "programa" que a "pax amerikana" propõe, a golpes de canhão e de atentados terroristas, aos impios habitantes de um maravilhoso planeta chamado Gaia.

Protegidos pelo "Grande Arquitecto", pelos "brothers" de Adam Weishaupt e pelos pistoleiros da CIA, a Administração da pátria de Roosevelt e de Madeleine Albright, "dá à luz" um novo Komintern, agora denominado "National Endowment for Democracy" (NED), dirigido desde a "Freedom House" (FH), e cuja orquestração foi realizada, durante cerca de 20 anos, pelo ínclito democrata Carl Gershman, ex-militante do "Socialist Party".

No presente, a NED, a Freedom House e outros "think tanks", para gaúdio, júbilo, folgança e regozijo de todos nós, ingerem-se regularmente nas políticas de todos os Estados, com o consentimento activo dos "babosos" funcionários das partidocracias locais.
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(1) Bar Kokhba, nome de um judeu que lutou contra o Império de Roma
(2) Léon Trotski, de seu nome Lev Davidovich Bronstein, casado com Natalya Sedova, filha do banqueiro Abram Zhivotovsky.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Hesperia Hesperial

Para o biólogo e zoólogo austriaco Konrad Lorenz (1903-1989), a "civilização ocidental", peor que o controlo ou a opressão, instaurou a "domesticação" dos individuos, o que se traduz por perda de comportementos especializados em beneficio da hipertrofia de necessidades básicas como a sexualidade e a alimentação.
Lorenz assinala uma série de "pecados" que caracterizam essa civilização, tais como o sobrepovoamento, a devastação do meio-ambiente, a degradação genética, a ruptura das tradições e os endoutrinamentos.
Por sua parte, Thomas De Koninck, da Universidade de Laval (Québec - Canada), insiste na "ignorância", cada vez mais presente a todos os niveis da sociedade.
Com efeito, o ensino é orientado à especialização, formando profissionais de "saberes técnicos", cada vez mais distanciados do nivel médio de uma cultura de conhecimento.

Com uma eficácia herdada do marxismo soviético, a "civilização ocidental" realiza uma experiência social que pretende garantir o triunfo de uma dinâmica homogeneizadora num processo de involução cultural, lançando a sua "teia" sobre os povos dos cinco continentes.

Convém ter presente que "civilização ocidental" não é sinónimo de "civilização europeia", mas sim um fruto transmutado e monstruoso da "cultura europeia", da qual tomou o dinamismo, mas prevertendo-a basicamente com uma estruturação igualitária e de conveniência circunstancial resultante dos messianismos monoteista judeu-cristão e enonómico-crematístico marxista.

A aplicação prática desses messianismos à politica, enriquecidos já pela metodologia de Gramsci, terá como "guia" a "Teoria Critica da Sociedade", desenvolvida pelos marxistas do "Institut für Sozialforschung" ("Instituto para Pesquiza Social"), também conhecido como "Frankfurter Schule" (Escola de Frankfurt), da Universidade de Frankfurt-am-Main na Alemanha, dirigido em 1930 por Max Horkheimer, e que será a "pedra-angular" sustentadora do denominado "marxismo cultural", o qual chegará até aos dias de hoje sob a eufemística denominação de "political correctness" ("politicamente correcto").
A "Teoria Critica", em cujo desenvolvimento participaram, entre outros, e além do citado Horkheimer, T. Adorno, W. Benjamin e H. Marcuse, terá a sua base nos EUA, para onde emigram os membros da "Frankfurter Schule" acossados na Alemanha de final dos anos 1930, pela sua condição de marxistas e judeus.
Imediatamente após a guerra de 1939/45, a "Teoria Critica", prenhe de financiamentos e benesses, recebeu um impulso decisivo que colocou o marxismo, já em perda de influência política, na cresta da expansão cultural, introduzindo-se e enraizando-se nas teses socialistas e social-democratas… assim como na denominada democracia-cristã.

A componente monolátrica da "civilização ocidental" é claramente reconhecível no seu projecto, essencialmente idêntico ao anteriormente pretendido pela sociedade soviética, impondo uma "civilização universal" fundada na primazia da economia (crematística) como forma de vida, e convertendo a cultura num sistema de símbolos orientados à manipulação dos individuos em beneficio de uma "gestão" tecnocrática mundial.

Assim, o termo "ocidental" não traduzindo mais a essência da Europa, preferimos adoptar o termo "hesperial", uma palavra ainda enigmática para muitos que Martin Heidegger (1) utilizou para qualificar a virtualidade da "civilização europeia". Para a Europa, "Hesperial" pressupõe a sua civilização própria, a sua essência, a sua cultura liberta de "modelos" forâneos.

Como nos diz Guillaume Faye (2), o termo "Hesperia" surge num fragmento do filósofo pré-platónico Anaximandros (3), que Martin Heidegger introduz no conceito de Abend-Land, opondo-o a Abendland (Ocidente), e que foi afortunadamente traduzido com o termo original grego.
"Hesperia", significa em grego "terra do poente", no sentido contrário à "aurora", "terra do nascente", uma visão não geográfica, mas incluida num sentido "mágico" de final de um ciclo, e um retorno à "aurora".
A "aurora do pensamento" tem como destino o "Hesperial", um destino que não é fim, mas semente para um retorno !

Retornar à "Hesperia", consistiria em realizar a nossa vontade de poder como europeus, conscientes da nossa filiação filosófica grega, e não como ocidentais que esquecem esta procedência.(4)
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(1) - Martin Heidegger (1889-1976)
(2) (4) - Guillaume Faye - "Pour en finir avec la civilisation occidentale" in "Eléments, n° 34, Avril-Mai 1980"
(3) - Anaximandros de Mileto (610-546 da Era Precente)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Historicidade e Mito


Mito e Esoterismo…

Ao tratar o tema "mito", é de obrigatoriedade intelectual referir um dos maiores expoentes do seu estudo, o historiador romeno Mircea Eliade (1907-1986).
Curiosamente, este "revelador" dos processos arquétipos do mito, publicou (aos 14 anos) o seu primeiro livro, intitulado "Como descobri a pedra filosofal", uma espécie de prenúncio da conexão que, embora suposta, ele demonstraria existir entre o mito e o esotérico.

Le thème des mythes a toujours trait à un commencement ou à une transformation, racontent comment un état de choses est devenu un autre,
Como e em resultado de que encadeamento chegou o Homem ao ambiente existencial que o caracteriza ?

Os indios "Pawnee", da região norte-americana de Plate River, no Nebraska, ainda no século XVI em pleno fulgor cultural, distinguiam as histórias verdadeiras (os mitos) das histórias falsas (as lendas).
Segundo afirmavam, as "histórias verdadeiras" tratavam do começo do mundo, de seres astrais ou celestes, ou das epopeias dos heróis da comunidade, enquanto as "histórias falsas" tratavam de aventuras da vivência diária, inflacionadas pela imaginação.

Em todos os povos, os mitos eram considerados verdadeiros porque tratavam realidades.
Por exemplo, os mitos relacionados com a morte são considerados verdadeiros porque a morte é uma realidade que a característica mortal do Homem comprova de forma irrefutável.

Segundo Eliade, certas actividades sbmeteram-se a "um longo processo de dessacralisação", como os casos da dança, da guerra ou das leis, perdendo todo o seu carácter sagrado, embora sejamos conscientes de que, para cada um dos casos citados, existe ainda um protótipo mistico, um sentido de arquétipo.

Para os crentes no hinduismo, o conceito de "karma" pretende demonstrar que o sofrimento é necessário e merecido, como compensação para apagar, na vida presente, as faltas cometidas durante as vidas precedentes ("metempsicose").
Assim, o sofrimento tem uma causa e, consequentemente, um sentido.

Para o judaísmo, as catástrofes são chamadas de atenção da divindade (El, Eloah, Yahweh…).
Emanado da divindade, esses acontecimentos tinham um sentido que contribuia à valorização da história do "povo eleito".
Consubstancial à condição humana, mas exprimindo angústia perante uma divindade omnipotente e severa, o mito refugiou-se na sacralização, no misticismo e no ritual esotérico (1).
No caso da doutrina judaica, o esoterismo é um factor de enorme importância.

"As causas de exame, relativas ao esoterismo judeu são numerosas." (Paul Vulliaud 1875-1950 in "La Kabbale Juive")

Esoterismo e Historicidade

No Judaísmo, o sacrifício é conhecido como "korban", palavra oriunda do hebreu "karov", que significa "vir para perto de Deus" e, segundo a tradição judaica, em frente à única entrada do templo de Salomão em Jerusalém localizava-se o altar onde se sacrificavam pelo fogo seres humanos e animais. Esse altar designava-se : holocausto !

Nos tempos primordiais do judaísmo, o "holocausto" significa pois, o sacrificio oferecido ao deus da comunidade, denomine-se ele El Shaddai, Eloah ou Yahweh (YHWH), como prova de subordinação absoluta à divindade. Segundo a doutrina judaica o próprio patriarca Abraão esteve prestes a sacrificar o seu próprio filho para comprazer a divindade que o instigara a que assim procedesse.
Do sacrificio à divindade o judeu surge transfigurado ! O "povo eleito" justifica a predilecção do "ente supremo".

A Tanakh (que os cristãos denominam Biblia Judaica ou Antigo Testamento) é uma elaborada crónica da mitologia judaica da qual transparece um desmembramento do "povo eleito" pelo sacrificio, seguido de uma regeneração através de experiências iniciáticas que o transmutam como "entidade cósmica", imagem perfeita da divindade, reflectida no "homem judeu" e no "Estado de Israel".

Como refere Fulcanelli (in "O Mistério das Catedrais"), a união dos dois triângulos (fogo e água) geram o astro de seis pontas, o selo de Salomão, hieróglifo da "obra" por excelência, a pedra filosofal dos alquimistas. Aquí, a relação com o número seis (6) é evidente !
Graças aos seis milhões de sacrificados no altar do "holocausto", a estrela de David guiará o mundo.

Para compreender o acontecimento denominado "Holocausto" devemos entender o significado hermético de certos termos.
As denominações alquimicas - terra, ar, água e fogo - não designam substâncias físicas ou químicas, mas sim "principios".
A "terra" não é a do vaso de flores, nem a água a que sai das torneiras. Trata-se das quatro fases da matéria-prima, através das diversas provas da "obra" hermética.
­ Terra : sólido ­ Ar : gasoso ­ Água : liquido ­ Fogo : plasma.

O processo hermético ("gradual hermético") comporta imperativamente uma operação de "densificação", qualificada também como "compressão".
A "densificação" postula assim, uma deportação prévia a uma "compressão", ou "concentração", que são o ponto de partida deste mito do século XX.

A problemática do "Holocausto" reflecte as várias fases do mito :
A câmara (de gás) : prova da "terra"
Reside na passagem pela "câmara", a morte pelo sacrificio, a morte implícitamente aceite, pois expressa a vontade da divindade, cujo "povo eleito" deve sofrer esta experiência como uma "catarsis" exigida pela vontade divina.
Como nas antigas "doutrinas de mistérios", a entrada na "câmara" em estado de absoluta nudez representa o retorno à matriz terrestre, na perspectiva de uma remontada a mundos superiores.
A "câmara" revela-se como um local de trânsito necessário, expressão de um caos inicial na via da restauração do povo de Israel através dos "quatro elementos".

O gás : prova do "ar"
Se a "câmara" representa a "prova da terra", a difusão gasosa implica a aquisição das virtualidades do mundo subtil e aéreo que impregna o individuo.
É um dos aspectos do "dissolvente universal" dos seguidores da Kabbalah.

O duche : prova da "água"
É a "lustração", uma fase da purificação.
Psicológicamente, a imersão provoca uma sensação de retorno à matriz original, tal como o "foetus" no seio da mãe, envolvido pelo liquido amniótico.
O principio ainda se verifica no baptismo cristão ou no banho dos hindus no rio Ganges.

O forno crematório : prova do "fogo"
A purificação pela água é ainda parcial e exterior, e somente o fogo completará a purificação interior.
Igne Natura Renovatur Integra (INRI) ! ( para os cristãos : Iesus Nazarenus Rex Iudæorum. )
Simbolicamente, a cremação ou prova do fogo é, na alquimia, assimilado à denominada "via seca".
Para os judeus, o fogo é expressão directa da divindade, como o prova o próprio significado de "Holocausto".
É uma sublimação para a matéria previamente preparada pelas etapas anteriores, um poderoso simbolismo alquimico da Kabbalah que estabelece um elo indivisível entre os vivos e os mortos pelo fogo.
Em certos rituais gregos da Antiguidade, o fumo das gorduras de carne eram uma homenagem e uma ofrenda aos deuses.

Os anunciadores do "Holocausto", e muitos deles talvez de boa fé (concedo-lhes o beneficio da dúvida), continuam a referir "6 milhões de judeus mortos".
Porém, e lamentando todas as mortes, já que "um só morto" já seria "um morto a mais", devemos ser conscientes de que Lech Walesa, em 1995, quando presidente da Polónia, fez inscrever, sobre o monumento de Birkenau, 1.500.000 "pessoas" mortas, em substituição de um outro memorial, retirado em 1990, que referia 4.000.000 de mortos, que o historiador Gerald Reitlinger (1953) referiu um cômputo global de 800.000 a 900.000 "pessoas" ("The Final Solution", London, Sphere Books, 1971 [1953], p.500) e que Jean-Claude Pressac (escritor judeu) (1994), anunciou 470.000 a 550.000 "judeus" gaseados ("Die Krematorien von Auschwitz/ Die Technik des Massenmordes, Munich, Piper, 1994, p.202).

É pois, pela manutenção de um mito fundador do judaísmo que tanto se insiste nos 6 milhões de mortos…
O número seis (6) é importantíssimo na Gematria da Kabbala, conjuntamente com o Notarikon e a Temurah.

O "Holocausto", como "climax" da "Tribulação" profetizada por Daniel, seguido pelo regresso à "Terra Prometida" ("Eretz Israel") e ao consequente dominio mundial do "povo eleito" sobre os "goyim", é um mito fundador anunciando que a estrela de seis pontas de David "guiará o mundo" !

Dentro de cada doutrina ou culto (judaísmo, cristianismo, islamismo, cultos de mistério, Mithra, Serapis…) cremos que mitos e profecias têm todo o direito de existir.
Outra coisa muito diferente, é quando algum deles pretende impor-se como acontecimento histórico (como o "Holocausto", a existência de Cristo ou as mensagens do "arcanjo" Gabriel a Muhammad), independentemente de acontecimentos trágicos que possam estar relacionados com os crentes de qualquer dessas doutrinas e que profundamente lamentamos.

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(1)
O esoterismo (do grego "esoterikos", "interior") designa a parte secreta de uma aprendizagem geralmente metafísica ou religiosa.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Curiosa confusão entre crença e raça !


O termo "judeu" determina um crente, não uma etnia

Gostaria de fazer notar que se numa época histórica longinqua, judeu era o habitante de Judah, mitológicamente descendentes de Judah, filho de Jacob e neto do patriarca Abraham, por consequência judeus por "jus sanguinis", com o tempo passaram a judeus porque habitavam Judah ("jus soli") !

Desde há muitos séculos que Judeu é um crente na doutrina judaica, podendo ser de raça semita (como praticamente todos na origem da doutrina) ou de qualquer outra raça (ou etnia), assim como cristão ou muçulmano é um crente da respectiva doutrina, independentemente de ser português, etíope ou japonês.

O termo "anti-semita" passou de uma intenção, etimológicamente errada, de alguém se dizer "contra-os-judeus", a uma locução erradamente considerada "racista".
Com efeito, referir "raça judia" é uma falácia que tem enormemente aproveitado a certo "lobby" politico-financeiro, denominado "sionismo" (1).
Na realidade, semitas também são os árabes…
Será "anti-cristão" um termo racista ? Obviamente, ser cristão não determina nenhuma particularidade étnica !

O mais potente grupo religioso-politico-financeiro judaico a nivel mundial são os "khazar" (que incluem a maioria dos "ashkenazim", judeus da Europa Oriental) e, nunca, jamais, em tempo algum os "khazar" foram um povo de origem semita !
A origem é talvez da Crimeia, embora o reino medieval de Khazaria (652-1016) era constituido essencialmente por tribos turcas.
Não é curioso o interesse de "alguns" em tentar impingir-nos a Turquia na Europa ?

Aliás, os "khazar" não falam hebreu, mas sim, tal como os "ashkenazim", um dialecto ("yiddish"), uma espécie de alemão medieval misturado com turco, russo e hebreu.
De entre alguns "khazar" que se distinguiram, citamos a familia Rothschild (2) (originalmente de nacionalidade germânica) e a srª Madeleine Albright (de origem russa - Marie Jana Korbelová), ex-Secretária de Estado do sr Bush.
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(1)
Em 1896, Théodore Herzl (1860-1904), Benjamin Ze'ev em hebreu, Twador em húngaro (nasceu em Budapeste) ou Wolf Théodore em alemão, escreve "Der Judenstaat" ("O Estado judeu"), considerado o texto fundador do sionismo, termo derivado de "Sion", nome de uma colina de Jerusalém
Em 29-31 de Agosto de 1897, realiza-se em Bâle, na Suiça, o primeiro Congresso Sionista Internacional que promulga a "Declaração de Bâle", segundo a qual o objectivo do sionismo é fundar um "lar nacional judeu" ("Eretz Israel").
Agora que "Eretz Israel" já existe, qual será o objectivo ? A sua manutenção, ou pretenderá o "lar nacional judeu" outras fronteiras ?

(2)
Em alemão, "Roth" significa "vermelho" e "schild" significa "simbolo".
O emblema dos "khazar", tal como o emblema da citada familia, são idênticos : uma águia negra sobre fundo vermelho !

Será crime duvidar ?


Na Filosofia, a dúvida opõe-se ao indiscutível

A vontade, manifestada pela pessoa que ocupa a função de ministro da Justiça na Alemanha, de tipificar como delito uma opinião contrária ao oficialmente declarado "Holocausto", é um verdadeiro atentado às liberdades fundamentais, um ressurgir da mentalidade inquisitorial.
É uma ofensa à inteligência !

Porquê este absurdo, esta perversão ao raciocínio ?

Independentemente de não ser seguidor de uma qualquer doutrina religiosa, culto ou rito, compreendo a função social (e política) da religião. Não me considero deista, e menos ainda teista, nem tão pouco ateu, no sentido de contrário a uma divindade.
Como poderia ser contrário a algo que, para mim, não existe ? Seria um contrasenso !
Penso que dizer-se agnóstico é um posicionamento intelectual próximo, metafóricamente, ao acto da avestruz que mete a cabeça na areia perante uma dificuldade.
Na verdade, sinto em mim o sentimento de religiosidade que o Homem sempre sentiu quando, sózinho com os seus pensamentos, no alto de um monte, numa noite sem nuvens, perscruta o infinito … E aí começa a curiosidade ou a dúvida !

Os curiosos, ficarão satisfeitos com a superstição e serão crédulos do irreal. Os que geram dúvidas, desenvolverão conceitos cépticos.

E a dúvida é o fundamento da filosofia, como amizade ao saber, como estrutura do conhecimento !

Interdizer a dúvida é, além de uma aberração intelectual, um incomensurável atentado à consciência de cada um.

A dúvida é uma interrogação. Pode ser pressentimento ou impressão de uma realidade diferente.
Opõe-se à certeza, à noção de que algo é indiscutível.
A dúvida é uma abertura para horizontes divergentes !

Tenhamos sempre presente que a analogía não é uma prova nem a boa-fé é um argumento.

Porém, a dúvida não é (não deve ser) um estado final.
Deve ser o inicio de uma "pesquiza, de uma busca, de um encaminhamento zetético, da aplicação da "arte da dúvida".

Mas, para empreender um processo zetético (do grego "setién", procurar), não é suficiente "a recusa de toda a afirmação dogmática", como ensinou o filósofo Pirro, já no século IIIº da Era Precedente.

Numa base filosófica, inspirada no cepticismo, devemos apoiar-nos em métodos ciêntificos de pesquiza para tentar apreender eficazmente o real (alargando a perpectiva do cepticismo de Pirro).
O objectivo será pois, contribuir à formação em cada individuo de uma capacidade de apropriação critica do saber e do conhecimento.

"O entendimento não deve aprender pensamentos, mas a pensar. Deve ser conduzido […], mas não levado em ombros, de maneira que no futuro seja capaz de caminhar por si sem tropeçar." , escreveu Immanuel Kant.

Nas doutrinas, a dúvida é heresia.

Vejamos o que significa etimologicamente esse tão dogmático termo "holocausto" ?
O termo "holocausto" é um termo religioso (conforme a tradição judaica) que designa o "sacrificio pelo fogo" após uma imolação.
O latim eclesiástico "holocaustum", provém do grego "holokauston" (do neutro "holokaustos" : "hólos", "todo", e "kaústos", "queimar"), termo utilizado pelos gregos para traduzir, na "Biblia Septuaginta", o vocábulo hebreu "'olah", que significa "sacrificio pelo fogo oferecido à divindade".
O costume da "Santa Inquisição" em queimar os herejes, provém da tradição judaica, que sempre impregnou o cristianismo. Tenhamos presente que Torquemada era um judeu converso !

Os gregos praticavam também uma forma de "holocausto" no contexto de rituais ctónicos que designavam como "enágisma".

Um "holocausto" é pois um ritual, uma manifestação religiosa !

A Tanakh (Biblia judaica para os cristãos) refere que o rei Salomão (que segundo a tradição teria reinado entre 970 e 930 EP) enviou uma mensagem a Hiram, rei de Tiro, para que este o ajudasse na construção do Templo de Jerusalém :
"Eis que resolvi edificar uma casa para o nome de Yahweh meu Deus para reconhecer a sua santidade, queimar diante dele o incenso perfumado e oferecer continuamente os pães da proposição, oferecer holocaustos (...)" ( II Crónicas 2:2-4).

Os textos revelam igualmente a construção de "10 pias (para a lavagem dos holocaustos)…", um prévio banho ritual ao que vai ser "sacrificado" (animal ou pessoa).

Refere a Génese (tradução do Bereshit, primeiro livro da Tanakh) :
"Deus diz : Leva o teu filho, teu único, que tu amas, Isaac, e vai ao país de Moriyya, e là tu o oferecerás em holocausto sobre uma montanha que te indicarei. (Gn 22:2)
"Abraham levanta-se cedo, sela o seu asno e reune dois serviçais e seu filho Isaac. Corta a madeira para o "holocausto" e parte para o local que Deus lhe tinha revelado. (Gn 22:3)

O profeta Daniel tem visões de um "distante futuro" (Dan. 8:26), "o que acontecerá ao seu povo no futuro" (Dan. 10:14), incluindo um "tempo de tribulação" a partir do qual sera delivrado" (Dan 12:1).

E o livro de Daniel refere o tempo que durará a "Tribulação" (em maiúsculas) : "um tempo, tempos e meio tempo" (Dan. 7:25)
O que, em linguagem biblica, significa : "tempo" = 1 ano (12 meses de 30 dias) ; "tempos" = plural de 1, ou seja 2 ; "meio tempo" = 6 meses.
A "Tribulação" será pois de 3 anos e meio, ou seja 42 meses.

A "Tribulação" teria principiado em 70 EP, quando os romanos destruiram o Templo de Jerusalém, provocando a dispersão ("diáspora") dos judeus.
O "Holocausto" seria o "climax" da "Tribulação" que, segundo a "profecia biblica", precederá a restauração de Israel na "Terra Prometida".

"Os judeus sobreviventes "possuirão" o reino de Israel" (Dan 7:22,27)

Segundo os dados avançados pelos próprios judeus, os campos de exterminio teriam iniciado a sua tarefa em Dezembro de 1941 até que foram libertados em Maio de 1945.
Quanto tempo ? Exactamente… 42 meses !

Em 1948, após a "Tribulação", o "povo eleito" reencontra a "Terra Prometida" : "Eretz Israel" !

A profecía de Daniel cumpria-se !
E uma profecía não se contradiz. É dogma !
E quem duvidar ou afirmar o contrário é hereje. E nas doutrinas, a heresia é inadmissível... pune-se !

A destruição do rural !

Talvez em obediência aos "mestres" de Bilderberg (1), o sr José Sócrates de Sousa prossegue com a destruição sistemática do rural.

Nesse contexto, o presidente da Junta do Soajo, Arcos de Valdevez, acusou (10/01/07) o Governo de "faltar à palavra" por ter recusado atribuir ajudas aos pastores do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) prejudicados pelos incêndios do último Verão.

Segundo o autarca de Soajo, muitos pastores começam já a importar feno da Galiza, para dar de comer aos animais, gastando com isso "uma boa parte das suas poupanças".

Acrescentou que a falta de pasto nos montes obriga os lobos a aproximar-se "perigosamente" das habitações à procura de alimento, acabando por dizimar os animais domésticos.

"As populações estão revoltadas com esta situação, embora não seja nada de que já não estivéssemos à espera, pois, connosco, é sempre assim: prometem, mas não cumprem", criticou o autarca do Soajo.

A 23 de Agosto de 2006, o governador civil de Viana do Castelo garantiu que iria "sensibilizar" o Ministério da Agricultura para a necessidade de atribuir ajudas financeiras aos pastores do Parque Nacional.

Os incêndios de Agosto consumiram cerca de 3600 hectares do parque nacional, sendo a freguesia do Soajo uma das mais afectadas.

Num ofício a que a Lusa teve acesso, o Ministério da Agricultura dá conta de que um auxílio estatal "não se afigura compatível" com a situação dos pastores do PNPG, por não ser possível encontrar "enquadramento" nos apoios actualmente existentes para o sector.

Compatível ! ? Enquadramento ! ?

E, enquanto os funcionários da política discutem qual o formulário a utilizar, extingue-se o pastoreio na Peneda-Gerêz…
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(1)
Na reunião do Bilderberg que teve lugar de 3 a 6 de Junho de 2004, em Stresa, Milão, Santana Lopes e José Sócrates estiveram presentes.
Curiosamente (ou talvez não), Santana Lopes seria primeiro-ministro dois meses depois e em menos de um ano José Sócrates de Sousa chefiaria o Governo.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Orwell tinha razão


Periodicamente salta à actualidade o tema do "Holocausto", conhecido também como "shoah" (em hebreu "eliminação"), um termo com que os judeus pretendem designar um massacre de seis milhões de crentes no judaísmo, exterminio que eles acusam ter sido praticado pelos alemães, na Europa, durante a Guerra de 1939/1945.
Porém, o acontecimento não reaparece na "ribalta" da informação somente pelo facto de ser incessantemente relembrado em livros, filmes, televisão, rádio, memoriais e museus, mas também porque eminentes historiadores, e outros estudiosos, desmentem categóricamente tal acontecimento.

Não será, um tão violento e enorme acontecimento fácil de comprovar ?
Pois, parece que não ! E, por exemplo, o governo francês publicou a 14 de Julho de 1990 a lei "Fabius-Gayssot" que proibe (com pesadas penas) a negação do citado "Holocausto".
Não vos parece, pelo menos, surpreendente, arrogante, bizarra e pouco habitual esta forma de impor uma "verdade histórica" !

Para a batalha de Waterloo existe uma versão extra-oficial que implica o marechal francês Grouchy em traição (de origem maçónica) contra Napoleão.
E nunca ninguém legislou contra os que assim pensam !

Historiadores defendem a tese de que o marxismo soviético foi culpado de mais de 30 milhões de mortos durante os governos de Lenine e Estaline.
E nunca ninguém legislou contra os que assim pensam !

Existe uma teoria que diz ter o desembarque da Normandia sido pactado entre os Aliados e certos altos-comandos alemães (Rommel e von Canaris entre outros, posteriormente condenados à morte e executados pelo governo alemão).
E nunca ninguém legislou contra os que assim pensam !

Nos tempos do antigamente, dizia-se que "mais cedo ou mais tarde, a verdade impõe-se por ela mesmo".
No post-modernismo, como tudo é contra-relógio, não se pode esperar que a verdade se imponha. E, menos ainda, ter dúvidas sobre a versão oficial da dita !
Assim que, determina-se a verdade por decreto e… senão, aí estão os tribunais, e o hiper famoso "Estado de Direito" !

Vem tudo isto a propósito de uma noticia publicada ontem (09/01/07) pela agência EFE :
"A ministro alemã da Justiça, Brigitte Zypries, anunciou que durante a presidência germánica (de turno) na União Europeia, se centrará em conseguir que os "Vinte-e-sete" tipifiquem como delito a negação do Holocausto e outros delitos. "

Perante tão grandiosa manifestação de independência intelectual haverá que prever (talvez) entre os novos delitos, a proibição de criticar o marxismo. Pois não era Marx neto de um rabino ?
Estará para breve um "Ministério da Verdade" em Bruxelas !

Escreveu Voltaire in "Traité sur la Tolérance", cap XII :
"É verdade que, no Êxodos, nos Números, no Levítico e no Deuteronómio (1), existem leis muito severas sobre o culto, e os castigos são ainda mais severos."
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(1)
Livros do Antigo Testamento da "Biblia cristã", traduções dos originais em hebreu, incluidos na Tanakh (conjunto de textos denominados pelos cristãos como "Biblia judaica").

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Porquê Prometheus ?

O Mito

A mitologia não é um conjunto de textos considerados sagrados e intocáveis, como é o caso dos "Livros" das doutrinas abraâmicas, pelo contrário os mitos foram sofrendo variantes, em versões mais ou menos diferenciadas, embora no respeito das estruturas originais.
As mitologias europeias, desde a nórdica-germana à grega, passando pela eslava, pela celta ou pela romana tratavam as suas divindades de uma forma bastante livre pois, não tendo dogmas, a noção de heresia era-lhes deconhecida !
Houve uma época em que os mitos estavam directamente relacionados com os ritos realizados no contexto dos mais variados cultos, mas com a passagem do tempo uma fractura foi surgindo entre o "ossificado" ritual dos cultos e o florescimento dos textos mitológicos.

Na Grécia, como caso paradigmático, pouco a pouco o mito distancia-se da crença, torna-se flexível, maleável… ganha "asas" e dessacraliza-se, obtendo liberdade, como pode ser confirmado pelas manipulações genealógicas de mitos como Prometeu, Édipo ou Medeia.

Manipulações que também encontramos na obra de Platão, não somente um contemplador como também um criador de mitos, concedendo-lhes um lugar importante na sua argumentação.
De referir que, no caso de Sócrates, Platão criou o mito de um "quase herói" do argumento e da retórica, baseado num individuo que, na realidade, era um torpe e viciado.
Outros mitos, de certos heróis como Orestes, Jasão ou Teseu são colocados ao serviço da propaganda política, acentuando-se a impossibilidade para os heróis de escapar ao oráculo desvelado pelos sacerdotes, propondo-se a tipificação da transgressão, fundadora, cósmica ou sacrilega.

O mito é um relato de acontecimentos que sucedem num tempo primordial e longinquo, num tempo fora da História, numa Idade de Ouro, sendo o mito cosmogónico verdadeiro porque o mundo existe, e o mito identitário verdadeiro porque é real a comunidade de que ele é imagem. Recitar o mito produz uma recriação do mundo pela força do ritual.

Prometeu : previdente e rebelde

Na mitologia grega, Prometeu (em grego "Promêtheús, "o Previdente"), é um Titã que, segundo a "Theogonia" de Hesiodo (século VIII da Era Precedente - EP), criou os homens a partir da argila, acção que o grego Pausanias (século II da Era Actual - EA) localiza na Fócida ("Phokída, em grego), na Grécia central.
Ainda segundo Hesiodo, depois de criar o Homem, e contra a vontade de Zeus (deus principal do Olympo), Prometeu proporcionou à Humanidade o conhecimento e o controlo do fogo (no sentido de "luz", "conhecimento").
Zeus, para o castigar, fê-lo prender e encadear no cimo de um rochedo dos montes Cáucaso, para que sofresse o suplicio de diariamente ter o figado devorado por uma águia gigante, figado que se regenerava durante a noite para que a tortura não terminasse.
Heraclés (que os romanos denominam Hercules) liberta Prometeu, matando a "águia do Cáucaso" (em gr. "aetos kaukasios"), águia que o autor romano Caius Julius Hyginus (67-17 EP) nomeia como "águia Ethon" ("aethonem aquilam").

O mito de Prometeu corresponde à metáfora da entrega do conhecimento aos humanos.
Depois de Hesíodo, Ésquilo faz dele um simbolo de inteligência que transmite conhecimento aos humanos primevos, para melhorar a sua condição. Após os gregos, os romanos continuam a enriquecer o heróico personagem.
O dogmatismo religioso medieval pretende fazer desaparecer Prometeu, mas o Renascimento suscita o interesse de Boccacio (1313-1373), de Marsile Ficin (1433-1499), de Pico Della Mirandola (1463-1494) e de Giordano Bruno (1548-1600).
Prometeu é objecto de uma reflexão que atinge Desiderius Erasmus (1468-1536) e Francis Bacon (1561-1626).
Wolfgang von Goethe (1749-1832) trabalhou durante cerca de trinta anos - tanto como para "Fausto" - para apresentar em "Prometheus" um criador independente de todo o poder exterior a si mesmo.
No poema de Goethe, Prometeu é o rebelde (já aparente no mito) que subtrai do Olympo o fogo sagrado ("conhecimento"), contra a vontade de Zeus, o deus dos deuses, para o entregar ao Homem. Prometeu é, para Goethe, o grande rebelde que desdenha a autoridade divina.

A importância do tema manifesta-se na arte como na literatura, de Balzac, a Schlegel, a Byron, a Shelley, a Victor Hugo…
Entre 1800 e 1801, Ludwig van Beethoven escreve "Die Geschöpfe des Prometheus" ("As Criaturas de Prometeu"), um "ballet" para orquestra (op.43), estreado em Viena a 28 de Março de 1801.
Único "ballet" de Beethoven, com um argumento que fazia referência ao acto rebelde de Prometeu, desafiando a autoridade da divindade e animando duas estátuas de argila, por ele modeladas.
Emn 1899, o "Prométhée mal enchaîné" de André Gide renova o mito através da revolta, da reivindicação de liberdade e da emancipação das normas.

O mito de Prometeu perdura há quase 3000 anos, e esta extraordinária permanência evidencia como está impregnado na memória dos europeus, e por isso se revela com uma constância testemunhada através das mais diversas manifestações culturais, da filosofia ao teatro, do romance à arte.
É um mito de uma fabulosa riqueza que, talvez, ainda não tenha terminado a mensagem que nos transmite.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Perspectiva programática.


Nos tempos deixados livres pela actividade profissional, fomos desenvolvendo (desde 1968) um trabalho de análise e reflexão no dominio das ideias, com acentuada predilecção pela História e pela Filosofia, sendo a Arquelogia e as tradições populares igualmente "alvo" do nosso interesse, a primeira como prova da existência e a segunda como demonstração de vivência dos antepassados que nos legaram a circunstância em que nascemos.
Críticos acervos das "modas de conjuntura", que não confundimos com "evolução dos costumes", consideramos de actualidade o propósito de Juvenal, "panem et circenses" ("pão e circo"), quando referia (no século 1º da Era Actual) as preferências "culturais" dos seus conterrâneos.
Analistas da modernidade, desde uma perspectiva tradicional, assumimos um posicionamento objectivamente contrário a qualquer forma de extremismo politico, o que não nos retira força e vontade para combater o "Sistema Politico internacionalista de pensamento único", que consideramos redutor e impróprio da razão humana.
Os principais "eixos" do nosso pensamento poderão descrever-se como :
* crítica do individuo-universalista, opondo-lhe o nacionalista etno-centrista, defensor irredutível da natureza de que é parte ;
* denúncia sistemática do "mercado" e do "consumismo" como razão política e social de uma sociedade sem outros objectivos ;
* proposta para uma sociedade mais comunitária, generalizando a prática de actuação participativa, desenvolvendo com ênfase a protecção ao rural, e a luta em favor das expressões culturais ;
* condena inapelável de todas as formas de apología aos razoamentos crédulos e aos conceitos dogmáticos.
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Este "blog" terá como vocação dar a conhecer o nosso pensamento e, se os leitores assim o entenderem, converter-se num local de reunião para os que, como nós, considerem que o objectivo é percorrer o caminho (labirinto), e que este se faz… andando !

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007